domingo, 10 de abril de 2011

CANTINHO DA POESIA

A linguagem poética é uma das mais interessantes, porque mexe com nosso sentimento e nossa sensibilidade, pois a poesia nada mais é do que o retrato da nossa imaginação, da nossa autenticidade, beleza e emoção.

MEMÓRIA

Amar o perdido 
deixa confundido
este coração

Nada pode o ouvido
contra o sem sentido
apelo do não

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
a palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.   
Carlos Drummond de Andrade


CORTAR O TEMPO


Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um individuo genial.


Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.


Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Ai entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente.
Carlos Drummond de Andrade


NO MEIO DO CAMINHO

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra 
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Carlos Drummond de Andrade

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE


















 Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro - MG, em 31 de outubro de 1902 e faleceu em 17 de agosto de 1987. Varias obras do poeta foram traduzidas para o espanhol, inglês, francês, alemão, italiano e outras línguas. Drummnd foi seguramente, por muitas décadas,    o poeta mais influente da literatura brasileira em seu tempo, tendo também publicado diversos livros de prosa.









MEU SONHO
 Parei as águas do meu sonho
para teu rosto se mirar.
Mas só a sombra dos meus olhos
ficou por cima a procurar...

Os pássaros da madrugada
não têm coragem de cantar
vendo o meu sonho interminável
e a esperança do meu olhar.

Procurei-te em vão pela terra,
perto do céu, por sobre o mar.
Se não chegas nem pelo sonho,
por que insisto em te imaginar?

Quando vierem fechar meus lhos,
talvez não se deixem fechar.

Talvez pensem que o tempo volta,
e que vens, se o tempo voltar.
CECÍLIA MEIRELES 


MOTIVO


Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem triste;
sou poeta.


Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento. 
Atravesso noites e dias no vento.
Se desmorono ou edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei fico ou passo.


Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.


E sei que um dia estarei mudo;
- Mais nada.
CECÍLIA MEIRELES 



CECÍLIA MEIRELES  

 Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu e 07 de novembro de 1901, na Tijuca, Rio de Janeiro. Teve importante atuação como jornalista, com publicações diárias sobre problemas na educação, área a qual se manteve ligada, tendo fundado em 1934, a primeira biblioteca infantil do Brasil. Observa-se ainda seu amplo reconhecimento na poesia infantil trazendo para a poesia infantil a musicalidade característica de sua poesia. Faleceu em 09 de novembro de 1964, no Rio de Janeiro.






FELICIDADE

Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!
FERNANDO PESSOA   

FERNANDO PESSOA
 Considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa, Fernando António Nogueira Pessoa, nasceu em 1888, em Lisboa, Portugal, e faleceu em 1935, nessa mesma cidade. Cada vez mais leitores têm descoberto o valor do escritor e do pensador Fernando Pessoa, homem que teve a capacidade, entre outras coisas de ''teatrizar'' poeticamente, por meio de estilos de escritas diferenciados, múltiplas facetas interiores do ser humano. Dai uma das razões da atualidade dos seus textos, bastantes adequados a realidades intimas da alma, problematizadas no contexto do mundo de hoje.  



















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